China que os turistas não vêem
Onde as rotas turísticas terminam, a vida começa. A maneira mais fácil de procurá-la é nos arredores. O centro costuma ser muito brilhante e arrumado, como uma bela moldura de um cartão postal. Por trás dos monumentos arquitetônicos, os cheiros de cafés e padarias, gritando, às vezes você não percebe a coisa mais importante. De pessoas.
Retirar um fragmento genuíno da vida de alguém é um sucesso para qualquer fotojornalista. Quando um aborígine vê a câmera de um turista apontando para ele, ele muda de cara. Como se isso não fosse uma câmera, mas um RPG. Ele pensa: "Que diabos esse homem branco está planejando? O que ele precisa?" Você precisa filmar secretamente, no estilo dos paparazzi. Assim que você encontra o objeto da atenção com os olhos, a química do momento se perde para sempre.
No caminho da cidade portuária chinesa de Ningbo para Xangai, tive uma chance de sorte. A fila de trás do nosso ônibus estava vazia. Peguei todos os assentos, descobri a telefoto, abri a janela e comecei a tirar fotos da vida.
Cabanas decrépitas na beira de um rio sujo. Os donos das ruínas, talvez, lavem roupas, se lavam e até bebem dessa poça.
As scooters são o meio de transporte asiático mais popular. As famílias os montam: três, quatro, cinco pessoas cada. E às vezes eles conseguem transportar não apenas crianças, mas também televisões. Um policial de trânsito russo engasgaria com um apito se visse uma bacanal na estrada :-)
O vendedor de morangos coloca cuidadosamente as mercadorias em cestas. O agasalho da menina combina exatamente com a cor das bagas.
Casas com um telhado de duas águas. A paisagem lembra aldeias russas antes da limpeza.
Avó chinesa de esportes. Nossos russos não são piores!
Bem, por que, onde está o ferro, sempre existem caras sérios? :-)
Como alguém pode viver em tal caos?
Avó com um urso fofo em um vestido xadrez tira o lixo.
Ásia típica. Paredes arranhadas, roupa de cama na varanda e scooters estacionadas nas casas.
Todos os dias, 5,5 milhões de residentes de Ningbo buscam sua felicidade.
Mulher chinesa glamourosa em uma bicicleta rosa glamourosa. À la pathos chinesa.
Em 1979, o Partido Comunista introduziu a regra: "Uma família - um filho".
Eles não tinham para onde ir. Em apenas algumas décadas, a população do país dobrou. E existe uma lei não escrita: se um rio começa a transbordar, ele deve ser parado ou inundará tudo ao seu redor. O cumprimento da regra foi monitorado rigorosamente. A criança extra foi punida com dez salários anuais.